domingo

Uma verdadeira liberdade de excreção!

FESTIVAL DE VERÃO DE SALVADOR NO RECIFE...Esse vai MATAR você...
Uma verdadeira poluição sonora repleta de cretinices infinitamente inúteis e desagradáveis.
É assim que posso definir minha traumatizante experiência no Festival de Verão do Recife (que deveria se chamar: Festival de Verão de Salvador no Recife).

PS: Lembrando que fui praticamente obrigada a comparecer no tal festival para acompanhar minha irmã que ainda padece de idade suficiente para freqüentar certos locais e de noções culturais, normal de uma adolescente em transição.

Na verdade eu já sabia o que iria enfrentar ali, mas não imaginava que poderia ser muito pior. E acreditem, foi. Jovens de classe média alta, bem aparentados, que certamente devem ter tudo para dar certo na vida... Completamente vazios e imbuídos da mídia selvagem. Desprendidos de valores sócio-culturais e amor próprio, mostram claramente que só uma “lavagem cerebral” pode restabelecer um equilíbrio. E assim poderíamos afastar definitivamente o axé-nojent-music de suas entranhas. “Deus tem piedade das nossas crianças, elas não sabem o que fazem”!

No palco, além de todo arsenal de som, luz e projeções toscas, e óbvio, além das atrocidades baianas; globais e ex-big bostas entoavam suas glórias em participarem de tal selvageria musical exercendo a função de animadores (?) culturais. Grupos medonhos tocando as mesmas e horripilantes músicas baianas de sempre (além de bregas, funk’s, forrós eletrônicos e ainda alguns hits internacionais), e como se não bastasse ter que ouvir a “canção do momento” da banda que estava no palco, se sentiam no "dever" de homenagear seus parceiros-conterrâneos, relembrando hits de dar um nó no juízo. Eu, que ironicamente ainda no início do show ousei:
- Bom pelo menos não vai ter Asa de Águia e a maravilhosa“dança da manivela”, ou ainda o refrão mais-que-imbecíl: “quebra aê, quebra aê, olha o asa aê”, me dei muito mal.

Falando em música baiana, lembro de muita gente defendendo o Carlinhos Brown no episódio do Rock In Rio. Uma porção de gente dizendo que foi um desrespeito com ele, que o público é animal, etc. Olha “animal” e “desrespeitoso” é o que os baianos fazem com nossos ouvidos.

Vou resumir minhas opiniões sobre cada atração, pois se eu tivesse mais paciência escreveria um livro sobre o assunto em questão.

Calipso: - Pra ser ruim tem que melhorar bastante.
A dita cuja nem é da "Bahia minha preta" mas se enquadra perfeitamente no caldeirão de futilidades da terra do acarajé. Cantando, a mulher lembra um abate suíno. O swing do Pará nada mais é que a lambada aperfeiçoada do grande Beto Barbosa, só que a lambada naquela época era massa... kkk. Um verdadeiro show de brega, começando pela estética dos cantores e dançarinos. E querem uma novidade? Vão tocar ano que vem no Galo da Madrugada...
Nossa senhora tem piedade de nós! Nem o Galo escapou desta invasão!

Chiclete com Banana: - Incrível como um músico ultrapassa a barreira do tempo e continua sendo ridículo e sem noção. Neste show a única coisa legal mesmo era ver as 70 mil “mãozinhas pro alto” chacoalhando sistemáticamente. Porém, descobrí que o tal Bel é um verdadeiro dominante deste reino animal. Se ele mandasse todos plantarem bananeira, todos fariam sem pensar duas vezes. Mesmo quem não sabe ficar de cabeça pra baixo arriscaria uma pirueta qualquer. Ele não canta (se é que ele cantava), ele apenas balbucia algumas introduções e a "galera impregnada", como o próprio denomina seus fãs, fazem todo o resto. E quando o helicóptero da Globo dava seus rasantes para registrar o “fenômeno baiano” ele dizia insistentemente:- Bora galera!! Mãozinha pra cima, vai, vai. vai!
....Neste momento eu queria ter o poder de ler pensamentos, com certeza seria algo do tipo:
- Vai bando de otário! Levanta a mão caralho!! A Globo ta filmando porra!!
Bom, ao menos um progresso foi visto na evolução do chilebananaman, ele não usa mais aquele “short jeans desfiado” ridículo
!
Claudia Leitte: - É Claudia Leitte com dois “t” mesmo (como ela faz questão de anunciar, se é que isso vai fazer alguma diferença). A cópia perfeita da queridinha do Brasil, Ivete. Tudo - nos mínimos detalhes – minuciosamente copiado. A voz, as letras, as roupas, o silicone, as coreografias, as projeções de imagens - breguíssimas, diga-se de passagem - (daquelas do Windows Media Player). A única diferença entre as duas? Claudia Leitte esquece as letras, é desajeitada quando tenta acompanhar seus bailarinos e não tem a menor graça quando tenta fazer piadinhas no meio do show. Altamente desinformada faz homenagem ao aniversário de Recife e esquece Olinda, um ato corrigido pela produção que fêz ela se vestir com uma bandeira de pernambuco (mais brega impossível). Tentou entoar "frevo mulher" duas vezes! Se perdeu logo na introdução. Insistente, tenta novamente. Esquece um bom pedaço da letra e como é digno dos baianos introduz o lê-lê-lê-lê-lê-lê pra disfarçar. Os músicos erram tudo e finalmente ela desiste. Pior foi ela tentar "frevar" !! Nossa mãe...Tem piedade dela, muita!!
Outra peculiaridade totalmente sem noção? Ela tenta emplacar músicas românticas como a nossa diva maior, o que é digno de gargalhadas.

Aviões do forró: - “Chupa, chupa, chupa que é de uva...” Esta música foi a mais esperada do evento, acreditem se quiser. Depois do: "beber, cair e levantar" esta é a nova sensção do momento. Garotões e garotinhas, coroas e até ”idosos” que se encontravam no local se deliciando numa coreografia ridícula e altamente pornográfica. Sem contar que os cantores (duas figuras bizarras) são meramente figurantes , pois quem comanda o show são as dançarinas (no total de 8). Denominadas de “aviões” elas levam os garotões ao delírio com seus pedaços de pano presos ao corpo e as garotinhas a entenderem de que pra ser uma mulher bem quista nesta sociedade, tem que ter rostinho bonito, corpinho violão, não entender nada sobre coisa nenhuma e ser uma dançarina de banda de sucesso. Remete ao "graças a deus" extinto É o Tchan!! (inclusive tem uma música com mesma nomeclatura).

Nando Reis: Bom, este eu deixo sem comentários. Graças a uma magnífica força divina (não sei exatamente qual) antes dele começar a embalar a galera com seus hits enjoados de último romântico, sofredor e saudosista consegui retirar minha irmã daquele antro e fomos embora do chiqueiro. Saí de lá com uma dor de cabeça terrível, pés inchados, e muita vergonha de ser Pernambucana. O festival de verão é do Recife, mas atrações daqui, só os idiotas que bancam esta palhaçada mesmo. Para a produção do evento? Saldos implacáveis e positivos. No mínimo um faturamento de 2 milhões por dia, isso calculando muito por baixo. É isso aí Pernambuco! Parabéns! Seria bom que também existisse todo este fôlego para se concentrar na construção de um mercado cultural auto-sustentável e democrático como existe na Bahia, lá a cultura funciona (não importa como).

E para não perder o embalo...
Agora a reboladinha pro Créu, rebola, rebola, rebola, rebola, Créu, Créu, Créu... Quebradinha Quebradinha quebradinha....treme treme treme treme treme treme que tem Créu!
E aí ta cansado ?

E que Deus tenha piedade destas pessoas. Elas não sabem o que fazem.