sexta-feira

कल्तुरा पॉप?

INDEPENDÊNCIA OU MORTE!

Produto brasileiro de maior aceitação no mercado internacional, único com acesso às redes globais de distribuição e à grande mídia global, a Musica Popular Brasileira ainda padece da ausência de uma política de desenvolvimento adequada.

O tema precisa ser tratado do ângulo estritamente econômico. Não é papel do estado selecionar o que é ou não é música a ser apoiada, mas sim, o de criar um ambiente microeconômico favorável, que permita o florescimento de uma indústria musical competitiva. As vantagens competitivas da música brasileira são evidentes. Tem-se o maior e melhor estoque de músicos instrumentais do planeta, um contingente apreciável de compositores e de composições de alta qualidade artística, uma variedade incomparável de ritmos – que vão da musica regional ao pop - arranjadores de primeira, cantores e cantoras de nível elevado e vários “pop stars” de projeção internacional.

Sempre é bom lembrar que, há não mais de 15 anos, o mercado da música regional era dominado pelas multinacionais. Talvez pela total falta de conhecimento das mesmas, apenas alguns artistas recebiam oportunidades. Com o ingresso das empresas locais e do estado (leis de incentivo a cultura), uns sem número de novos artistas foram apresentados ao público e a cena musical local evoluiu, começando a ganhar espaço e público.

O advento da musica digital, criou uma produção independente, onde milhares de músicos produzem seus próprios CDs - com qualidade digital - em estúdios caseiros ( ou não) espalhados por todo o país. O próprio artista tem controle total da produção propriamente dita (embalagem, design, produção) e da distribuição e vendagem da sua obra.

O mercado cultural interno brasileiro se escora em três pilares básicos: indústria fonográfica, sistema de radiodifusão e roteiro de shows. Teoricamente, lança-se o disco, o sistema de radiodifusão divulga e os shows cumprem o papel de apresentar o artista ao público consumidor. Este modelo esbarra em alguns pontos complexos, que dependem exclusivamente do governo para serem resolvidos. O primeiro, é a questão do direito autoral, um sistema pouco transparente e complexo; o segundo, e mais sério, diz respeito à indústria dos jabás, que acaba com a capacidade de inovação dos artistas e produtores, burocratizando e cerceando o acesso ao artista digamos “menos capitalizado” ao grande público.

O difícil acesso – por meios normais e legais - das rádios FM, se transforma no grande empecilho para que o público tenha conhecimento do que se produz em determinadas regiões , dificultando a projeção do artista no mercado musical.

Voltando aos vilões: o trabalho destes campeões da burocracia, consiste em apostar na formula da mesmice, que deu certo em outra gravadora, irrigando as emissoras com verdadeiros enlatados musicais, reproduzidos incansavelmente e transformando a audiência em verdadeiros ratos de Pavlov. Não importa se é a “Festa do Apê”, do incansável Latino, ou outra mediocridade qualquer, como Kelly Key ( que por acaso é cria do nosso já citado rei do Apê), o que importa é o lucro obtido com a massa aculturada e bitolada a escutar sempre a mesma coisa, dia após dia, mês após mês, nos programas de TV, nas rádios, nos shows populares e nas famigeradas “barraquinhas de CD”, que nos brindam sempre com o que há de novo(?) na cena musical nacional.

Resta aos músicos, compositores e produtores independentes, criarem e produzirem os seus próprios trabalhos, chutando portas e gerando um mercado alternativo próprio; uma espécie de mini-industria fonográfica da produção local. Só assim, o cara que ainda está começando a aprender um instrumento qualquer, no escuro de algum quarto ou garagem, vai poder sonhar em um dia viver de música e ser reconhecido por isso...